Blog
Como pode ser esperado de um blog, se trata de uma obra em andamento. No momento, publicamos aqui três tipos de textos que se adequam à definição de um blog.
- em inglês: textos que Touché e Guy publicam com uma certa regularidade no LinkedIn.
- em português: as contribuções abaixo de Touché ao site de nossa empresa no LinkedIn, e postagens anteriores para Brasil com Z, blog de brasileiros expatriados sobre os países onde moram. A participação terminou algum tempo atrás, mas os textos de Touché continuam sendo interessantes.
- em português, holandês, inglês e francês: sempre que viajamos, enviamos newsletters para os amigos em vários países. No ínicio, as mensagens eram somente em português, depois foi adicionada uma versão em holandês e em 2016 fomos loucos o suficiente para escrever em francês e inglês também durante nossa estada em Nova Zelândia/Austrália e Costa Rica. Vamos progressivamente postar alguns relatos de viagem, voltando no tempo.
Nota: a última mensagem está no topo. Use o menu à direita ou role para baixo para encontrar mensagens mais antigas.
nossa empresa Toucheguy no LinkedIn
Para quem precisa de carro
Os custos de manutenção de um automóvel, cada vez mais altos, há anos levaram várias pessoas a optar pela utilização de transporte público ou taxi (com a nova versão uber), ainda no tempo em que nem existiam smartphones, muito menos os práticos aplicativos atuais. Da mesma forma, apesar da comodidade e independência de um meio de locomoção próprio, os custos claramente inferiores e a ausência de preocupações com compra e venda, manutenções, impostos, revisões anuais, seguros, abastecimento, estacionamento, determinaram os novos caminhos para aqueles que querem um veículo.
Uma alternativa que tem se mostrado atraente nos últimos anos é a assinatura de automóvel: pagamentos fixos mensais durante um longo período por um veículo novo, à escolha do cliente. Na prática, um aluguel a longo prazo. Quase um leasing (pouco comum no Brasil para pessoas físicas), modalidade que, no final do período, oferece a opção de aquisição pelo VRG (valor residual de garantia). Na assinatura, no final do prazo, o cliente simplesmente devolve o veículo ou troca por outro, com reajuste.
No Youtube e outros sites é possível encontrar dezenas de vídeos e reportagens demonstrando que é uma modalidade vantajosa e igual quantidade demonstrando que o prejuízo é certo. É bem interessante: a grande maioria é tendenciosa para um ou outro lado. No entanto, são apresentadas planilhas que não são de difícil entendimento. O ideal é que o interessado faça seus próprios cálculos. Desconsiderando os custos que independem da modalidade escolhida, como combustível, estacionamento, multas, etc., trata-se de uma simples comparação das opções:
- assinatura: simule uma aplicação mensal no valor do automóvel à vista e dessa aplicação retire mensalmente os pagamentos fixos. Ao final de x anos, você teria R$ xxx no banco.
- aquisição: acumule todos os gastos anuais com o veículo desde emplacamento e licenciamento até seguros, manutenções, etc. etc. e adicione mensalmente o chamado Custo de Oportunidade, que é o quanto você está deixando de ganhar por ter empatado uma quantia na compra do carro. O valor ficará bem negativo, mas, por outro lado, o bem é seu. Então, para poder comparar com a opção acima, coloque na planilha o valor pelo qual você venderia o automóvel ao final do prazo estimando a sua desvalorização. O valor restará positivo.
Há ainda a opção da aquisição por financiamento. Nesse caso, substitui-se o Custo de Oportunidade pelos juros pagos, geralmente maiores.
Qual dos valores a projeção indica como sendo os mais altos ao final do prazo?
É importante comparar as diversas empresas como Localiza Meoo (antiga Unidas Livre), Movida, Porto Seguro Carro Fácil, UseCar, além das próprias montadoras que oferecem diretamente a assinatura a seus clientes: Audi, Caoa Chery, Fiat, Ford, Jeep, Mitsubishi, Renault, Toyota e Volkswagen.
Existem, portanto, várias opções de veículos, mas ultimamente a disponibilidade está sujeita a atrasos de produção.
Como em um financiamento, a empresa fará uma avaliação cadastral do cliente. Os contratos geralmente vão de 12 a 48 meses, sendo que os mais curtos e com maior limite de quilometragem têm um custo médio mais elevado. Convém se informar quanto a eventuais sinistros (o cliente paga parte da franquia), multas (pode haver ocorrência de taxas) e outros serviços oferecidos, tais como carro extra caso o veículo fique parado por manutenção. O cliente deverá cumprir rigorosamente o cronograma de revisão do carro, levando-o à concessionária no prazo acordado.
Há quem avalie que mesmo que o preço pago pela assinatura seja maior, as facilidades compensam. Alguns usuários deste sistema alegam que são péssimos negociadores e sempre levam grande prejuízo na hora de trocar seu automóvel (compram caro e vendem barato). Outro argumento forte é o fato de não ter que se preocupar com o preço de peças, impostos, etc.
De qualquer forma, é uma modalidade que veio para ficar, haja vista a quantidade de fabricantes oferecem diretamente ao cliente tal opção.
Boa sorte!
O toque de qualidade
Faz muito tempo que saí do Brasil, mas a caixinha da memória pode ser mais resistente que o tempo e se manter intacta independente do tempo passado desde a travessia do mar. Nem todos os conteúdos estão relacionados com a intensidade de um afeto deixado para trás. Na caixinha da memória permanecem fatos e nomes nem sempre escolhidos quando se parte.
Dentro da caixinha que me acompanha todos estes anos, existe um nome: XXX. Nunca tendo sido minha amiga, esta senhora foi minha manicure durante muitos anos, o que significou que nos víamos pelo menos 4 vezes por mês, e – dentro do contexto brasileiro – um contato simpático frequente. Sem troca de confidências, ao longo do anos passamos a saber fatos básicos da vida uma da outra, ambas batalhando por nossa qualidade de vida. Ela era excelente profissional – minhas unhas costumavam ser alvo de elogios por sua beleza e cuidados – e eu me sentia contente em contar com seus serviços e gentil atendimento.
Não era preciso ser parte de meu circulo de amizades, para que alguém soubesse de minha existência solitária em Salvador, onde eu morava antes de emigrar para a Bélgica. Donde, após a eternidade que durou minha solidão, ter encontrado Guy, meu Amor, foi motivo de felicidade não só para mim mesma, mas para quem gostava de mim e sabia da minha tristeza. Ou seja, XXX também conhecia esta parte da minha vida, e foi com o sorriso de quem finalmente realiza um sonho, que lhe contei de nosso Encontro.
Este momento foi fatal para minha relação com ela. Ao ouvir que eu estaria indo morar na Bélgica, XXX não só não teve nenhuma – nenhuminha – palavra do tipo ´desejo que você seja feliz´- como passou a me tratar como traidora. Eu era a cliente constante que ia deixar de contribuir para suas finanças. Eu a abandonava, ela perdia uma fonte de rendimentos. Eu passei, de uma frase à outra, à condição de sujeito-inimigo transformando-a em objeto-vítima.
Eu gostaria de poder me lembrar de XXX não somente pela excelência de seu trabalho, mas, melhor ainda, também pela cortesia de seu atendimento. Mas, ao mostrar-se totalmente indiferente sobre minha felicidade, ela entrou para minha caixinha de memórias como uma pessoa a quem a beleza de minhas unhas era apenas o resultado de sua habilidade.
Não costumo narrar estórias pessoais, muito menos através da media social. Mas a atitude desta senhora é um exemplo do mal que se pode causar a um cliente quando ele/ela é reduzido à condição de provedor. Ser cliente é mais que isso, tem a ver com confiança e preferência. Ser profissional deve ser mais que prestador de serviço, tem a ver com apreço pela qualidade de vida do cliente.
Ao tratar um cliente com gentileza estabelecemos não só uma boa relação comercial. Construímos uma boa reputação e, de passagem, gravamos uma flor ao lado do nosso nome, na caixinha de memória de quem faz uso de nossos serviços.
Car@s amig@s brasileir@s
Morar fora do Brasil neste dia de eleição é uma forma especial de vivenciar a preocupação e as emoções que nossa brasilidade nos faz sentir, independente da geografia. Morar fora do país significa, mais que nunca, estar dentro dos corações e sentir a vibração das pessoas queridas que vivem dentro das fronteiras verde-amarelas. Estar em outro país, hoje, é ter os olhos no horizonte de cores indefinidas, que espera o retorno daqueles que vão voltar.
Sabemos que o resultado das urnas vai se refletir na atitude da comunidade internacional, atribuindo ao nome Brasil um respeito maior, ou uma desesperança generalizada. A decisão da maioria vai refletir o que queremos para nossos jovens e o que acreditamos que eles merecem.
Precisamos estar unidos para vivenciar o que virá. Somente em paz encontraremos o caminho que nos leve a um futuro em que cidadania seja uma prática diária e coletiva.
Sempre no mesmo Planeta
Já andamos por terras secas e fecundas, e já vimos flores de tamanhos e formas diversas. Cores mil, de céus e cidades. Cheiros e perfumes, que caracterizam lugares e fixam memórias.
Já entramos por muitos gates number e já atravessamos fronteiras a pé. Já fomos scaneados eletronicamente e revistados (des)humanamente. Já visitamos castelos, museus, claustros, templos, teatros e prisões que foram transformadas em arte.
Já comemos em restaurantes e barracas de praia, com música ambiente e sob o barulho de temporais.
Já excursionamos a pé, de bicicleta, de carro, de trem, de vespa, com malas, bolsas ou mochilas. Já descansamos à sombra de árvores frondosas e amigas e já morremos de sede e cansaço em ladeiras famosas.
Já tomamos banho em mares, rios, lagos, cachoeiras. Mas também em banheiras e saunas, duchas e muito temporal.
Já vimos o planeta do alto, azul, verde, marrom, e já nos deitamos no verde e marrom, nadamos no azul e sonhamos colorido.
Já dançamos samba e valsas, já cantamos em Neerlandês e tentamos entender tantos sons estranhos vindos de vozes desconhecidas.
Já vimos niños tristes e abandonados na rua, olhar carente ou não, mas sempre o olhar de uma criança que pede e aceita carinho e já quisemos nos aproximar de beibinhos empacotadinhos de mantas dentro de carrinhos bonitos e não nos foi permitido o carinho.
Já nos deliciamos com acarajé e churrasco, já bebemos aniz e cerveja, já vimos sorrisos de várias formas em rostos de várias etnias.
Já dormimos em bancos de aeroporto, em bancos de barcos, em campos floridos, em camas confortáveis ou em barraca de camping, sob tetos ou sob estrelas, com muito frio ou com um calor suado.
Já nos beijamos em muitos lugares, já nos abraçamos em muitos países, já andamos de mãos dadas em muitas ruas e matos, já nos reconhecemos apaixonados em muitos idiomas.
Sim... já rodamos pelaí...
Agora nos preparamos para rever o mundo cinco estrelas, o espaço onde se vive a melhor qualidade de vida existente no planeta, onde não existe fome e favela, onde a paisagem é calma como deve ser a vida de quem não conhece a miséria. Näo mais turistas-de-outros-lugares, mas visitantes-vizinhos, ainda que de outros lugares. Morar na Dinamarca nos situa num lugar burocrático diferente, mais aconchegante.
Os escandinavos se isolam e se protegem das várias contaminações que podemos significar. Leis que quase inviabilizam a imigração, controles que não permitem sequer a entrada de alimentos produzidos sob outras bandeiras, ainda que o comercio se diga internacional. Globalização industrial mas não social. Aliás, não somente na Escandinávia: se pode dizer que países de outras áreas no mundo onde haja qualidade de vida para quem está dentro, se fecham para quem está fora. O intuito de preservar identidades culturais acaba se tornando uma barreira à integração global (ooops…).
Aqui, gente bonita de olhar claro, de movimentos quase parados e festas sem danças, parques, bosques, florestas bem cuidados, construções antigas preservadas, ruas limpas, sanitários públicos impecáveis e gratuitos, carros sem defeitos ou batidas, casas sólidas e bem cuidadas, força policial quase invisível, paisagens calmas – brancas, azuis, verdes e calmas.
Nova viagem-sonho pela Escandinávia, aventura impossível e inatingível durante a pandemia que paralisou os vários paraísos terrestres, retorno a estradas semi-esquecidas, olhar que se estende além das árvores tão altas, dos lagos tranquilos de águas despoluídas; trilhas que escutam nossos passos e nos conduzem a acampamentos de ambiente hyggelig.
Já vimos muita coisa, já falamos muitos sons, já curtimos muitos sóis e trememos muitos frios. E esperamos muito pelo momento de sermos campistas de novo.
Vikings preparai-vos! vocês não sabem o que lhes aguarda!
Lá vamos nós travêis... câmeras e blocos de papel na mão, olhos e ouvidos dos reis.
Que sátrapas éramos e somos.
Viajantes do mundo.
A morte de Robin Hood
O slogan era "roubar dos ricos para dar aos pobres". Na época, foi o maior hit!
A floresta de Nothingham, onde ele atuava, ficou hiper famosa e todos iam admirar o astro que protagonizava as fantásticas aventuras (devidamente propagandeadas pela mídia do boca-a-boca), para pedir-lhe autógrafos e/ou simplesmente pão.
Robin Hood viveu seu papel com tal perfeição que seu desempenho foi elogiado por todos os críticos "in". Mesmo aqueles vitimados pelo seu approach financeiro, tinham que curvar-se perante a excelência do seu modus operandi, e várias equipes de analistas e advisors ficaram horas perdidas em meetings e conferências buscando estabelecer uma estratégia defensiva eficaz contra as perdas progressivas que a elite vinha sofrendo por conta de sua açäo populista.
O Sheriff of Notthingham decidiu contratar os melhores arqueiros para combaterem aquele que havia se tornado o herói do momento e conseguido a maioria absoluta em todas as pesquisas de popularidade. O combate foi cruel e multas vidas chegaram a ser sacrificadas nessa luta ideológica-corporal, mas o resultado, previsível, foi significativo para quem acreditou nele: Robin Hood foi eleito "Homem da Época" e faturou todos os prêmios possíveis existentes naquele contexto, incluindo a Academia Sueca, então em fase de teste de premiaçäo.
Logo em seguida à sua incontestável vitória contra o Sheriff e seus ascetas burgueses, Robin casou-se com Marian na capela florestal, em cerimônia ministrada pelo Papa-dos- Pobres. teve muitos filhos com ela, e morreu de tédio.
Oh... um fim tão inglório? Yes. Robin Hood foi nosso herói. Acreditamos nele. E fomos traídos. Robin Hood se desfez nos estúdios da Universal Pictures
Que pena, era um personagem fantástico! Quem sabe um remake?
Um novo título? ´Robin Hood, the metaverse boy´.
A divulgar pela social media, com possibilidade clicar no Like e se sentir parte da aventura!
Yeah.
Perfumes, ecos e odores
Em algum momento, indefinido e indefinível, identificamos um odor como agradável, ou não. Talvez se trate de algo ancestral, alguma estória em nossa historia, pessoal ou cultural, sabe-se lá até que ponto a cultura faz parte da identidade de cada um.
Quem sabe, aqueles que viviam em cavernas deixaram mensagens a decodificar olfativamente. Heranças primitivas, transmitidas através dos séculos, odores de natureza esquecida, de batalhas pela sobrevivência, sangue e suor, originados na crueldade da matança de animais, terra pisada com for9a, derradeiras respirações...
Caldeirões ferventes, alimentos com cheiro e gosto de fogo.
Pode ser que os desenhos e palavras gravados nas rochas guardassem o cheiro da pedra e as imagens espalhassem pelo ar os sons gerados pelos instrumentos usados para ferir a rocha e as rochas gritando sua dor tenham gerado partículas cujo cheiro se multiplicou e transmitiu através do ar.
Terra com herança de dor.
Cheiro da terra herdado da dor.
Talvez os sábios e cientistas tenham a resposta. Tradição ou Historia? Química ou Genética? Mito? Quando nascemos, talvez tenhamos cheiros já identificados e guardados em nossa memória olfativa, quem sabe. Nossa mamífera humanidade nos leva a gostar do leite materno. No futuro, este gostar será submetido a valores culturais, e muitos passarão a negar o leite fundamental. Dependendo de onde crescemos, os cheiros de nossa chegada à Terra serão subjugados por fatores como religião, deixando apenas alguns ecos. Que provavelmente se diluirão no tempo, como tantos outros odores de nossa primeira infância.
Enquanto a memória se esquece de lembrar cheiros antigos, aprendemos outros cheiros. Em algum momento de nossa Historia, algum gênio criou ‘O Perfume’, estabelecendo a fronteira entre os ‘bons’ cheiros e os ‘mal-odores’, atribuindo valor e execrando hábitos. A introdução do perfume artificial certamente causou uma revolução em nossa historia olfativa. Mas não somente a olfativa. É de se pensar o impacto que aromas e cores causaram na gastronomia. De há muito tínhamos aprendido que gosto e cheiro são intrínsecos ao bem alimentar-nos. E cheiros tem cores também...
Como é que se define o gostar, ou não, de um cheiro até então desconhecido? Talvez cientistas tenham a resposta. Talvez a industria perfumista (e muitas outras) tenha se apropriado do segredo descoberto por pesquisadores tantos. Fórmulas secretas, mágicas, verdadeiros tesouros, abrem caminhos para sensações inesquecíveis.
A descoberta de uma nova fragrância possibilita percepções e conhecimentos sobre nós mesmos.
Nos identificamos com um perfume e passamos a ser identificados por nossas escolhas. Marketing à parte, salvo a desconhecida comunidade dos que conhecem como aprendemos e percebemos os cheiros, estamos perdidos em nosso próprio universo olfativo. Importa saber? Good question.
Cheiro tem gosto.
Perfume tem eco.
Ternura tem gosto.
Carinho tem eco.
Palavras tem gosto.
Palavras tem eco.